sábado, 30 de abril de 2016

Livro: Discurso da Servidão Voluntária ou Contra Um, de Étienne de la Boétie

          Um dos pais do Humanismo Jurídico, talvez o principal deles, Étienne de la Boétie viveu no século XVI, no Renascimento, uma vida curta, mas marcada pelo brilhantismo, representado no seu Discurso da Servidão Voluntária, escrito entre 16 e 18 anos. 
            Tema instigante, pois como podemos entender ser uma servidão voluntária, se somos inculcados com uma estrutura mental que anula os conceitos de ambos vocábulos, quando em relação?
            Boétie descreve seu contexto histórico, porém indiretamente, referindo-se à antiguidade clássica.  Em pleno período de conflitos político-religiosos entre disputas de poder entre grupos religiosos católicos e protestantes, prega a resistência contra a tirania sem violência, mas não só pregou como teve uma postura neste sentido, pois, como conselheiro do Parlamento de Bordeaux, intercedeu na mediação de tais conflitos.  Viveu na era dos Médicis, de Carlos V e Francisco I, período complicado por perseguições, mortes e regras discriminatórias, como o Édito de Fontainebleau, com pena de morte para os considerados heréticos protestantes, ou a Câmara Ardente de Henrique II, que atuava como um tribunal especial para julgamento com morte para os hereges huguenotes, protestantes em França.
            Em linhas gerais, considerava que a tirania só existe porque o povo se submete. Ressalta que a submissão é entendida de três formas, a saber, por hábito, preguiça ou interesse, formas estas relacionadas a três tipos de tirania, portanto,  por guerra, hereditariedade e eleição.
        Para compreender Boétie é necessário estudar o Renascimento, o conflito entre católicos e protestantes, que vai culminar com o Pacto de Westphalia, como também os aspectos políticos presentes na formação do Estado Nação. E compreender seu trabalho permite trazer, para a atualidade, o entendimento dos conflitos hoje relativos ao  Estado Democrático de Direito.
          A desobediência civil e demais formas de resistência ao poder totalitário tem suas bases em Boétie.



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