"...para conhecer a natureza dos
povos é mister ser príncipe, e para conhecer a dos príncipes é mister ser
povo."
Maquiavel viveu entre o final da
Idade Média e o início da Renascença, logo entre o final do século XV e início
do século XVI, tendo tido a experiência do homem no poder, razão pela qual
voltou-se a escrever sobre a tese do conflito na relação entre natureza humana
e violência. Neste sentido, buscou o que
considerava a verdade efetiva, numa perspectiva realista. Esta teria a
pretensão de representar uma ruptura com a filosofia cristã, com a volta da
tradição greco-helênica.
No capítulo XVIII do seu livro O
Príncipe, Maquiavel apresenta uma reflexão sobre a necessidade do governante
respeitar os acordos, o que nos aponta a importância ao respeito à lei e no
campo das relações entre os governantes, dos então reinos e cidades, e mais à
frente dos Estados, do respeito ao Direito.
O homem respeita a lei, enquanto o animal age em função da força,
escreve o autor. Considera que o homem
prudente vai buscar o equilíbrio entre ambos e fará uso da força, da guerra, portanto, quando
necessário. Nesse caso, estará agindo o
homem, o governante, que age segundo o que chamava de virtù, ou seja, a capacidade de lidar com as necessidades que o
poder exige para bem governar e segundo suas chances, oportunidades ou o que
chamava de fortuna.
" todo príncipe prudente deve
agir: não apenas prover o presente, mas antecipar casos futuros e premunir-se
com muita perícia, de modo que se possa facilmente lhes dar corretivo, e não
permitir que os fatos se esbocem, pois se assim for o remédio não chega a
tempo, e a doença torna-se incurável" (p 45).
"o tempo leva consigo todas as
coisas, e pode transformar o bem em mal e o mal em bem." (p 45).
"Das e boas leis espécies de
milícia e dos soldados mercenários - E os principais fundamentos dos Estados,
sejam eles novos, velhos ou mistos, são boas
leis e boas armas. E, como não é
possível haver boas leis onde não há armas boas, e onde existem boas armas é
conveniente que existam boas leis, falarei apenas das armas" (p 85).