sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A política criminal relativa aos conflitos religiosos na Idade Média e na Renascença - Parte I - Aspectos Gerais

Introdução:


Questão: Há confusão na utilização do termo Inquisição com as práticas medievais e da Renascença da Reforma e da Contra-reforma, nos períodos entre a Idade Média até início do século XIX.  A Inquisição foi prática da Igreja Católica com referências jurídicas a partir do século XIII, mas a partir do século XV as perseguições a certos grupos tem explicação nas práticas de certos grupos que professavam a Reforma, como os jansenistas, luteranos, calvinistas e huguenotes, bem como dos humanistas renascentistas e Iluministas.

Questão 2: O Malleus Maleficarum teve repercussão para além da Igreja. Por que teve autoridade de dizer o direito por tanto tempo?  De onde vem seu poder de persuasão?


Parte I - Aspectos Gerais:

1 - objeto - prática de perseguição de grupos religiosos por motivação religiosa e/ou política
2 - objetivo - paz cristã, universal e perpétua; demonização por conveniência política e econômica, controle social para possuir o monopólio da interpretação do cristianismo, de Deus
3 - sujeitos:
- ativos - grupos religiosos politicamente com poder para controle social
- passivos - grupos religiosos/políticos minoritários críticos ao monopólio da verdade religiosa/cristã, mulheres (sexualidade),praticantes de religiões pagãs diferentes e mais antigas, com ritos distintos do cristianismo, cristãos dissidentes:cátaros, burgomilos, albineses
4 - várias ondas, em vários períodos:
- Idade Média - a Igreja Católica, (séculos XIII/XVI): sendo perseguidos os heréticos
- Renascença - indivíduos da Igreja Católica (séculos XV, XVI) e Reforma (XVI,XVII)
5 - contexto histórico: 
- recriação da imprensa com caracteres móveis em chumbo por Gutemberg no final do século XV, com a produção em escala da Bíblia,
- período de medo do fim do mundo, da caça às bruxas, das rebeliões populares, de conflitos entre Igreja, Reforma e Contra-reforma e de conflitos de disputas políticas e comerciais entre príncipes, monarcas e Igreja

sugestão de leitura:

Brian Levack. A caça às bruxas na Europa moderna.RJ:Campus, 1988.
Douais. L'Inquisition - ses origines, sa procédure. Paris: Librairie Plon, 1906. Bibliothèque Saint Libère. www.liberius.net
George Duby. An 1000,An 2000 sur les traces de nos peurs.Paris:France Loisirs, 2001.
Heirich Kramer & Jacob Sprengler. Malleus Maleficarum.(O Martelo das Feiticeiras) de 1484.
Jean-Marie Carbasse. Histoire du droit pénal et de la justice criminelle. Paris:Puf.
Marion Sigaut. IV-Le jansénisme au Grand siècle. In: De la centralisation monarchique à la Révolution bourgeoise. Egalité et Réconciliation. www.egaliteetreconciliation.fr
Marion Sigaut. V-La chasse aux sorcières. In: De la centralisation monarchique à la Révolution bourgeoise.  Egalité et Réconciliation. www.egaliteetreconciliation.fr
Michel Baigent & Richard Leigh. A inquisição.RJ:Imago, 2001.
Monica Paraguassu. Presunção de inocência. RJ:Eduff, 2011.
Norman Cohn. Démonolâtrie et sorcellerie au Moyen Âge.
Peter Godman. Histoire secrète de l'inquisition. Paris: Ed.Perrin.
Robert Mandrou. Magistrat et sorciers en France au XVIIè siècle. Paris.


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