sábado, 6 de fevereiro de 2016

A política criminal relativa às perseguições religiosas na Idade Média e na Renascença - Parte III - Malleus Maleficarum

Introdução:

Questão: Há confusão na utilização do termo Inquisição com as práticas da Reforma, nos períodos entre a Idade Média até início do século XIX.  A Inquisição foi prática da Igreja Católica com referências jurídicas a partir do século XIII, mas a partir do século XV as perseguições a certos grupos tem explicação nas práticas de certos grupos que professavam a Reforma, como os jansenistas.

Questão: O Malleus Maleficarum teve repercussão para além da Igreja. Por que teve autoridade de dizer o direito por tanto tempo, cerca de 300 anos?  De onde vem seu poder de persuasão?


Parte III - Malleus Maleficarum

1 - Malleus Maleficarum / Martelo ou Martírio das Feiticeiras:
- principal instrumento de perseguição, editado no século XV (séculos depois do início da Inquisição da Igreja)
- autoria: monge dominicano H.Kramer (J.Sprengler era mais conhecido havendo dúvidas sobre sua participação)
- instrumento jurídico para servir de código penal, não redigido dentro da forma do direito canônico, mas contendo três partes: demônio, feiticeiras e feitiçaria; métodos e meios; procedimentos judiciais
- principais condutas identificadas: atos de feitiçaria, sequestro de recém-nascidos, imposição de doença, cura de doença, atos de canibalismo, destruição de colheitas, poder de adivinhação, provocação de catástrofes na natureza
- principal questão presente no livro é a sexualidade em relação às mulheres
- suspeição ligada à pobreza: a camponeses, ao campo, doentes mentais, mendigos, mulheres
- século XVI - jansenismo e a graça de Deus

2 - caso das Bruxas de Salem/EUA:
- século XVII, 1692
- crianças foram consideradas vítimas de feiticeiras
- suspeitos todos os que defenderam sua honra, colocando em dúvida o poder dos juízes

sugestão de leitura:

Brian Levack. A caça às bruxas na Europa moderna.RJ:Campus, 1988.
Douais. L'Inquisition - ses origines, sa procédure. Paris: Librairie Plon, 1906. Bibliothèque Saint Libère. www.liberius.net
George Duby. An 1000,An 2000 sur les traces de nos peurs.Paris:France Loisirs, 2001.
Heirich Kramer & Jacob Sprengler. Malleus Maleficarum.(O Martelo das Feiticeiras) de 1484.
Jean-Marie Carbasse. Histoire du droit pénal et de la justice criminelle. Paris:Puf.
Marion Sigaut. IV-Le jansénisme au Grand siècle. In: De la centralisation monarchique à la Révolution bourgeoise. Egalité et Réconciliation. www.egaliteetreconciliation.fr
Marion Sigaut. V-La chasse aux sorcières. In: De la centralisation monarchique à la Révolution bourgeoise.  Egalité et Réconciliation. www.egaliteetreconciliation.fr
Michel Baigent & Richard Leigh. A inquisição.RJ:Imago, 2001.
Monica Paraguassu. Presunção de inocência. RJ:Eduff, 2011.
Norman Cohn. Démonolâtrie et sorcellerie au Moyen Âge.
Peter Godman. Histoire secrète de l'inquisition. Paris: Ed.Perrin.
Robert Mandrou. Magistrat et sorciers en France au XVIIè siècle. Paris:Puf.


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